terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Rascunho

Comecemos com "era uma vez"? Talvez. Mas lembrando que não contemos conto de fada com final feliz. Aliás, felicidade, um termo hoje em dia bem distante de nós, parece até ilusão alguém dizer que é feliz, com tantas circunstâncias, enfim...
Aquela voz acreditava no tal termo, lutava pela proximidade dele até nós, coitada. Fala, vale a pena? Cala.
Outra vez, volte a soar a voz que não sai da minha mente, nem do coração, vida que lutava, e que hoje, vala.
Uma só bala, abala.
Constrange-me saber da voz que não ouço mais, aquela que me apoiava, eu apoiava, não queria calar-se, se fez foz.
Lembro-me de momentos sórdidos, impuros tão quando uma vala esquecida, destrutiva. Também não nego a vida exultante que tivemos, creio que jamais passará um casal pelo o que passamos, jamais viverá o que vivemos, aquelas terças-feiras tediosas, que somente nós sabíamos sobreviver, apreciando uma boa peça teatral, explorando o recinto onde estivéssemos, éramos felizes.
Tenho cravada em meu peito, aguardo ansiosamente a hora de reencontrá-la. Enquanto isso descrevo-nos, éramos felizes.
Traz de volta aquela voz suave. Que fala, questiona, confronta.
Traz-me a bala, cala.

4 comentários:

Zé(d's) disse...

prosa poética da melhor qualidade... ótimo gata!

Gabriel Cantu disse...

Simplesmente.... Fantástico.

Juliana Caulfield disse...

me identifiquei.

  disse...

li, reli, salvei.

(Fred)