terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ir à feira


Hoje percebi que a coisa mais importante da vida é se relacionar bem com as pessoas. Terça-feira, céu com neblina, às nove da manhã. Paro despretensiosa na feirinha do bairro só pra pegar uns pastéis, levar pra vó. Ao atravessar aquele corredor tão colorido harmonioso, deparo-me com umas frutinhas verdes, parecidas com figo... Mas estranhas, estavam sempre perto das berinjelas e das mandiocas.
Resolvi parar. Logo o senhor se aproximou e perguntou o que era que eu queria. Respondi: saber que o que é isso – peguei um na mão. Ele falou: você não sabe o que é? O que você acha que é? Então ri e disse que saber o que era eu não sabia, mas desconfiava que era um figo. Ele gargalhou dizendo que parecia mesmo um figo, mas era jiló. 
Tentando não chamar muita atenção, puxei assunto. Em seguida uma senhora que comprava na banca se inseriu e houve conversa. Falei de como é estranho não saber como é um jiló, quase uma vergonha. Nós já comemos as coisas prontas. Fui questionada se morava em república. Não, moro com meus pais, e em casa quem cozinha é meu pai, acha? E eu não sei fazer nada, mas gostaria. Interessante. Fui incentivada a cozinhar. Que eu encostasse no meu pai e o ajudasse na cozinha.
Agradeço, me despeço e continuo atravessando a feira. Peço dois pastéis de carne pra viagem e estendo o dinheiro. Logo lembro da Vera, e peço mais um.
Na volta me recordo de alguns detalhes em que tinha reparado na ida. Passo em frente a banca de novo e me despeço do senhor. Deu-me bom dia dizendo gentilmente que eu voltasse mais vezes. Vou embora pensando que sim.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Eternamente dependente

Deus, Tu és o meu socorro e a minha fortaleza. Nos dias de tribulação Tua mão está estendida, no choro o Senhor é consolo, no desânimo esperança. Por isso Deus, minha limitação me pára, preciso do teu socorro para que eu prossiga.
Deus, minh'alma se esvazia de sentido e a Tua presença me confronta. Mas a paz, a Tua paz, renova minhas forças e me traz de volta o fôlego de vida.
Hoje me derramo em lágrimas pra Te dizer que meu coração é Teu.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quero te ter enquanto é tempo
Te tocar os lábios pra que me sintas quente
Sentir teu abraço com conforto de colo
Te encostar a pele só pra te sentir perto
Confiar em teu olhar enquanto estou contigo
Rir do seu sorriso se materializando ao meu encontro

Quero teus braços me envolvendo
Sua boca me beijando
Meus seios fervendo em teu colo

Quero a doçura do seu bom dia
A malícia do seu carinho
A bondade dos seus gestos

Quero em mim seu nome tatuado
Seu perfume predileto
E qualquer outra coisa que me faça ser sua o dia inteiro


... Sua leveza em mim,
De mãos dadas.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A pergunta será se você aceitou o amor


Se há alguma coisa que nos faz retornar ao propósito, é ela, sem dúvida, a saudade.
É ela que nos faz lembrar do gosto da doçura, do encanto e da magia. A saudade nos deixa apaixonados, ela nos abre para a essência, abre nosso peito pra ternura, a caminho de conhecer e compreender o que definitivamente seja o amor.
A doçura que nos cobre é a proteção que nos livra do mal. A capa da ternura nos acoberta da maldade, nos afasta da miséria e nos enche de esperança. 



A partir da saudade somos levados, novamente, a “trazer à memória aquilo que nos dá esperança”, e daí somos tocados pelo mais doce amor que há na terra.

domingo, 22 de julho de 2012

O mundo sou eu

Tenho em mim enorme ânsia de descrever os pensamentos que tomam meu ser. Registrar consciências tão profundas daquelas capazes de extrair um ensinamento pra vida inteira. Como por exemplo, me fazer sempre escolher que sim. Que nem, vou tentar usar exemplos pra ver se fica mais claro, no entanto, cabe uma ressalva, ainda que descreva em palavras e com exemplos, a profundeza desse pensamento está além, e muito além de ser reduzido à termo. Por isso, fique claro que é além, transende.
Enfim, exemplos. Ao ouvir um grupo de rap amador, o conceito que voce vai tirar disso pode ser: esses caras são bons; ou, puta que merda. E entao, do que voce escolher pensar será o conceito daquele objeto. O que me intriga é que ultrapassa a uma escolha. Assim, se voce escolheu que sim, os caras sao bons, produzirá alguns efeitos. Como o otimisto em relação aquele novo objeto recentemente conhecido, até outras coisas, além de otimismo, é um sorriso que voce solta por acreditar nos caras, é, é um embelezamento do mundo (e não fetichismo). Agora, caso você desacredite, escolheu decidir que os caras são ruins. E daí que azeda o mundo, porque voce se fecha, sua cara fecha, seu corpo fecha. É isso, é bad.
Ainda assim, acredito ter uma terceira escolha. Acredito, acredito sim aliás, mas reconheço que é antes de tudo a mais difícil, porque requer muito esforço, pra que seja de tal forma coerente capaz de inferir ainda mais sua alma, seja capaz de trazer mudanças. É de fato a mais difícil. A tarceira escolha seria o equilíbrio. Não é meio termo, não é média, nem a média. É algo dedicadamente filtrado. É aquele resultado da soma. Soma, e não somado e dividido. O sentido aqui da soma é deixar aberto. Não "somado", mas "somando", no gerúndio. Enfim, foda-se. O equilíbrio é isso, esse esforço em conhecer o desconhecido até gerar um conceito sobre ele. O equilíbrio pode ser a que mais se aproxima da verdade.
E si pa boto fé numa última escolha: o foda-se. É isso, relaxa, fica tranquilo, vive, sente, não se preocupa, cada coisa na sua hora. Confia. Não ta no seu controle.

Mas no final, o que não dá pra se livrar é que: sempre será uma escolha sua.

terça-feira, 3 de julho de 2012

um rio está. 
ele não precisa correr mais rapido que o normal, 
não precisa de varias quedas livres, 
não precisa estar cheio de peixe, 
porque ele está



CB

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Deixastes um vão

Devo confessar, ao menos a mim mesma, que sinto sua falta.
Não sinto rancor, ressentimento, mágoa, ódio, tristeza.. apenas falta. 
A saudade que me dá é da tal esperança que você, de uma forma surpreendente, me contagiava. Você me lembrava de acreditar na vida, ou melhor, adreditar nas pessoas, porque afinal, são por elas que vale a pena. Era também por você.
Aproximação espontânea e quase institiva nos levaram pra dentro um do outro, foi como um reconhecimento de almas. Identificação inexplicável, mas extremamente palpável, sensitiva. Nossos cinco sentidos sabiam da intensidade dessa relação.
O que quero dizer é que eu tenho sentido falta. De rir até doer a barriga, de ficar em silêncio e de te olhar, te olhar nos olhos e saber exatamente o que você está pensando, e entender você até de longe.
Dói e corrói-me ver que pessoas como você, dessas queria ao meu lado, como meu braço direito, capitão do meu time, estão distantes. No entanto, ao mesmo tempo, pela sensibilidade que nos tocou um dia, tenho a plena certeza de que você também sente. Seria impossível negar, porque nós sabemos o que significa reconhecimento de almas. 
As lágrimas que escorrem do meu rosto são tão instáveis e contraditórias quanto a vida, ou pelo menos a minha, a nossa. Lágrimas que representam a saudade, que percebem tua ausência nas manhãs de segunda-feira, são as mesmas lágrimas que me aconselham a seguir, e aceitar que pessoas são como o vento, vêm e vão.
Você foi mais uma dessas pessoas encantadas, daquelas raras, que passam pela nossa vida, deixam um pedaço delas, levam um nosso, e vão (...)
Entreguei-me a ti como entregaste a mim. E dessa troca levarei comigo as mais belas, sinceras e intensas lembranças.

Que a verdade prevaleça.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A semana de prova

Hoje está sendo um típico dia foda.
Escrevo no claro por ser a cor que vejo tudo, meio neblinado, meio confuso. Claro que o clima tem seu peso nisso, por ser um dia chuvoso e frio. No entanto, cabe nele tambem o alívio de ver o pôr do sol de outono, tão lindo, com pausa na chuva.
É um dia atípico, aliás. Daquele que foge do seu controle emocional e racional. Que você não faz nada direito, nem uma coisa nem outra. E fica assim, de um lado pro outro, sem se encontrar, sem encontrar ninguém.
O motivo não sei, mas creio ser o prazo.
O prazo pra prova, o prazo pra entrega do trabalho, o outro, e mais o outro, e fazer prova daquilo que você se quer estudou. 
Esse é um dos dias que você se arrepende de ter dormido a tarde, mesmo sabendo o prazer que isso te dá.
Esse seria o dia de me arrepender das tardes que troquei o estudo por música, por poema.
O que me estranha é que o arrependimento com o desespero não veio, e isso tá me estranhando. Eu devia estar, devia estar desesperada.
Dessa vez parece que não vai dar certo, não é possível que passe tudo isso. Mas quando penso, lembro que toda semana de prova é assim. Esse pensamento de que "dessa vez não passa". Mas paaaassa, claro que passa.


Veremos.

domingo, 3 de junho de 2012

Sobra tanta falta


Era disso ,
Era disso que eu estava precisando.
Algo que chocasse com a minha realidade,
Com meu mundinho colorido.
Algo em preto e branco que me fizesse chorar
Fizesse-me perder o chão,
Sentir que não é possível compartilhar a dor do outro,
Mas que é possível sentir perto, sentir de perto que está tão longe.
É tão paradoxo quanto é viver.
Dane-se a coerência da minha vida,
O que me importa agora é importar-se menos comigo.
Que meu choro não seja por meus míseros problemas,
Mas que o sentido de viver esteja, e realmente esteja,
No outro.


[Natália/CACAM]

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Viver é bom, mas dói"

A real é que o tempo não cura.
Nada cura, aliás, as cicatrizes ficam, foi pra isso que fomos feitos, pra viver. E viver inlcui além de tudo, tristeza.
Existe uma barreira, ou até ilusão, de acreditarmos na bondade da vida, de que um dia seremos felizes, sem mágoas e que os machucados que carregamos ficarão pelo caminho, e dali pra frente tudo será diferente.
Soa-me tão ilusório quanto acreditar na constância.
Parece-me, posso estar enganada - e até quero, que as feridas que nos atingem nos perseguem. Mas essa perseguição é aceitável. O que diferencia talvez umas pessoas das outras é o que elas fazem com essas feridas. Umas negam, outras choram, outras ficam indiferentes, outras tapam com peneira, outras resolvem e seguem em frente. 
Pra mim, o que importa é seguir. Ou melhor, é primeiro aceitar, depois seguir.
Aceitar no sentido de admitir como algo imprevisto que a vida lhe ofereceu, e te machucou. Porque a vida é assim, muitas vezes cruel, triste. O que torna mesmo a vida feliz e divertida - e eu particulamente acredito na alegria da vida - é sua disposição em carregar as mágoas, arrumar espaço pra coisas novas, encontrar brexa pra simplicidade, e perceber que é preciso estar aberto pra sentir a brisa leve que é viver.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

leve-me

Hoje eu quero conhecer alguém
Alguém que me traga algo novo
Inédito, que me faça respirar
Dê-me vontade de viver
Traga-me uma rosa, tão linda quanto um dia ensolarado
Uma rosa que eu esqueça em qualquer praça
Mas que ao final do dia me recorde

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Há um rumor em mim.
rumor de dúvida,
de afeto,
se sentidos,
de calor.

Há um rumor que me aproxima,
que me afasta
e me devolve a você.

Um rumor que me toma na sua ausência,
invade meu dia,
desperta em mim
essas coisas todas.

Deita ao lado meu
e sinta
meu silêncio
meu amor confuso.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Eu não queria andar morrendo pela vida


- Duvida que eu consigo estudar processo penal essa tarde?

É com essa pergunta que começo a divagar sobre o dilema de sexta-feira.
Sexta-feira é um dia ímpar, apesar de ser numericamente par. É o dia da expectativa, que passamos a semana toda esperando, sem saber o quê exatamente, mas ansiamos desesperadamente pela sexta-feira.
No meu caso, há anos a tal da sexta-feira tem um sentido enorme. No colegial lembro dela de uma forma muito peculiar. Era naquele dia que me escondia na biblioteca municipal, pegava um livro da Clarice e alimentava minh'alma. Era na sexta que eu me descobria, que marcava um encontro comigo mesma. Às tardes passadas deliciosamente em baixo daquela árvore que tanto, tanto gostava. Era assim, quando ficava muito quente dentro da biblioteca a gente saía e ficava na praça, olhando o movimento, reparando a árvore, tomando um ar. Digo "a gente" porque muitas vezes uma amiga me acompanhava, outras não; vezes aparecia alguém diferente, vezes não.
Exatamente sexta-feira à tarde. Hora de escolher: estudar ou viver? Não que estudar ou dedicar um tempo pra algo a longo prazo não seja viver, porém, dentro de mim, o viver nada tem a ver com isso. O que pulsa, faz respirar, sentir, me reconhecer como ser humano, sinceramente, não passa nem perto de utilitarismo, de lucro, de racional, de calculável. O sentido da vida, contrário ao que sou forçada a acreditar, é "invísível aos olhos".
Devo dizer que quero viver do essencial, sabendo ser isso provavelmente impossível, pra nao dizer certamente impossível.
Vejo-me diante desses dois livros, qual escolher?

Ah, se fosse uma quinta-feira..


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ego, pra que te quero

Parece tão difícil falar de você mesmo, até se escreve na terceira pessoa, causando uma impessoalidade consigo mesmo. Talvez porque a tendência seja fugir, fugir do encontro, do confronto, da descoberta de si.
As horas correm, os dias passam, e a batalha é para que eu diminua, faz parte do propósito. Propósito tal que se refere a mim, a minha pessoa, ao meu caráter, aos meus sentimentos, que acrescenta ou destrói, mas interfere em mim, somente em mim.
Escrevo por reservar e dedicar um espaço especialmente pro meu ego, que tento o tempo todo evitar. É aqui, neste tempo e espaço que me permito falar de mim, sem que canse o ouvido de alguém, sem me tornar egoísta (sabendo que o egoísmo se expressa em relação ao outro, quando exposto à realidade). Por isso me liberto aqui, e somente aqui, a voar pro meu interior, onde me encontro, onde sinto, onde está o pulsar, o viver.
Hoje especialmente tenho muito a dizer. Dizer que estou feliz, satisfeita com a minha vida, com meus amigos, com meu dia-a-dia, com a minha família, com as músicas que ouço, com a minha determinação, com a minha consciência, com o meu sorriso. Estou feliz por compreender que meu estado de espírito não inibe a sensibilidade crítica, que não me impede de enxergar as injustiças, não coloca uma venda nos meus olhos impossibilitando que eu veja a realidade como ela é, com toda indiferença, insatisfação, sofrimento e dor. Ao contrário, essa plenitude me impulsiona a ousar, a me entregar à luta com ânimo, com perseverança e, principalmente, com esperança. Percebo que esse estado de espírito pode contagiar, pode influenciar e pode sim fortalecer o outro, pois tenho algo a oferecer, ainda que pouca coisa, existe essência transbordando.
Aqui vou eu novamente falando do outro, e não de mim..

domingo, 29 de janeiro de 2012

Falemos de essência

Esses dias os pensamentos têm me levado à Deus. Pensamentos de paz, e não de mal; de vida, e não de morte, de encontro, e não abandono. Pensamentos que me firmam naquilo que conheci há anos e que carrego por onde ando, aquilo chamado essência do evangelho. Sobre Aquele que deu Sua vida por mim, e que hoje, de alguma forma toca minh'alma no mais profundo, no mais íntimo desse ser. Admito a falta que faz esse toque, esse encontro, essa lágrima escorrendo no rosto de alegria. Sinto saudades do aprendizado, da palavra, das coisas de Deus que fazem sentido, que são relevantes e que me transformavam a cada dia.
No começo estava um pouco confusa, desconfiada, desencorajada na verdade. A dúvida que passava pela minha cabeça era se eu estaria disposta (ou não) em vestir a camisa verdadeiramente; por acreditar e saber que Deus não me quer pela metade, e sim por inteira. E isso requer comprometimento, compromisso com Sua palavra, com a Sua verdade. No entanto, também pensava se haveria uma hora, um dia qualquer que chegasse e de repente eu estaria pronta, pronta pra voltar, pronta pra comprar a causa. E na verdade não, esse dia não vai chegar, pois o que interessa mesmo é o que faz pulsar meu coração, saber que o que existe é uma lapidação eterna, esforço diário.
O encorajamento foi vindo aos poucos, de conversas que me lembraram o quão gratificante é servir a um Deus vivo, conversas essas que me lembraram que a fé vem pelo ouvir, e pelo ouvir da palavra de Deus. Lembrei-me que na hora da angústia e da tristeza o conforto vem do alto, e vem por completo, satisfaz e muda a circuntância. Lembrei-me que se é pra viver de essência, que reconheçamos que é dessa essência que estamos falamos. Daquela que forja o caráter, que guia pelo caminho certo e que traz paz, aquela tal paz que excede qualquer entendimento.
Definitivamente, não há que se falar em viver distante dessa realidade. Pois se conheço de perto do que estou falando, não posso ficar na mesma, não posso viver como se esse Deus não existisse, não é possível viver indiferente.
O meu desejo hoje é para que eu me lembre todos os dias do que me faz pulsar, do que faz sentido, do que me move verdadeiramente.



"Eu sei seus pensamentos são mais altos que os meus
O teu caminho é melhor do que o meu
Tua visão vai além do que eu vejo
O Senhor sabe exatamente o que é melhor pra mim
E mesmo que eu não entenda o seu caminho, eu confio"




"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." (Isaías 55.8-9)