Hoje
percebi que a coisa mais importante da vida é se relacionar bem com as pessoas.
Terça-feira, céu com neblina, às nove da manhã. Paro despretensiosa na feirinha
do bairro só pra pegar uns pastéis, levar pra vó. Ao atravessar aquele corredor
tão colorido harmonioso, deparo-me com umas frutinhas verdes, parecidas com
figo... Mas estranhas, estavam sempre perto das berinjelas e das mandiocas.
Resolvi
parar. Logo o senhor se aproximou e perguntou o que era que eu queria.
Respondi: saber que o que é isso – peguei um na mão. Ele falou: você não sabe o
que é? O que você acha que é? Então ri e disse que saber o que era eu não
sabia, mas desconfiava que era um figo. Ele gargalhou dizendo que parecia mesmo
um figo, mas era jiló.
Tentando
não chamar muita atenção, puxei assunto. Em seguida uma senhora que comprava na
banca se inseriu e houve conversa. Falei de como é estranho não saber como é um
jiló, quase uma vergonha. Nós já comemos as coisas prontas. Fui questionada se
morava em república. Não, moro com meus pais, e em casa quem cozinha é meu pai,
acha? E eu não sei fazer nada, mas gostaria. Interessante. Fui incentivada a
cozinhar. Que eu encostasse no meu pai e o ajudasse na cozinha.
Agradeço,
me despeço e continuo atravessando a feira. Peço dois pastéis de carne pra
viagem e estendo o dinheiro. Logo lembro da Vera, e peço mais um.
Na
volta me recordo de alguns detalhes em que tinha reparado na ida. Passo em
frente a banca de novo e me despeço do senhor. Deu-me bom dia dizendo
gentilmente que eu voltasse mais vezes. Vou embora pensando que sim.