quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"O que me atormenta é que tudo é 'por enquanto', nada é sempre." (C.L)

Com lágrimas nos olhos começo a escrever esse texto sobre alguém que, como tantas outras, passam pela nossa vida. Essa, de uma certa forma, tornou-se especial em pouco tempo, coisa de meses. Na verdade, não consigo entender tantas lágrimas que escorrem sobre meu rosto agora, pois sinto que um escudo está indo embora. Um escudo, é essa minha referência a ela. É um agente amparador, que proteje e guarda, que é forte, que se pode contar nas horas de combate e que, acoberta contra o mal.
Sua fragilidade é tão escondida que quem não repara acredita mesmo que é quase de ferro. Mas quem a conhece no profundo sente sua doçura e seu cuidado mais de perto, passa a enxergá-la como alguém que é tão sensível como uma flor, tão amigável, tão confiável que não sente medo de compartilhar seus segredos, nem de derramar lágrimas ou esbanjar sorrisos.
As palavras mais sábias, nas horas corretas e lugares escolhidos, assim me refiro a essa amiga, que pude (e posso) contar pra qualquer hora, pois me provaste que a essência vale muito mais que a aparência. É desse tipo de gente que quero a minha volta rodeada, gente como a Clarice, que valoriza a amizade e que não abre mão de uma conversa sincera. Que tem muito sentimento pra dar, que tem muitos medos pra compartilhar, que tem uma vida a abrir.
Talvez ela seja a pessoa que merece uma atenção especial, porque "ô menina difícil de se conquistar", ela é assim, a gente tem que ir conquistando a confiança dela sabe, não foi fácil não. Parece que ir lidando com ela foi como ir pisando em ovos, que você vai tomando cuidado, com medo que se quebre, que rache alguma coisinha que mal está posta, mal foi construída. E assim os dias foram passando, as conversas fluindo, a amizade crescendo e deu no que deu, um chororô de despedida.
Já que estou aqui, não posso deixar de registrar que nos últimos meses as melhores e maiores risadas aconteceram ao seu lado. Sem dúvida, os fatos mais divertidos e simples, mais dignos de serem guardados como lembrança, foram com essa participação ilustre. Dos dias de passarmos horas embaixo de uma árvore, ou num sofá fazendo nada a não ser nos matarmos de rir, até as "festinhas estranhas com gente esquisita" que nos renderam gargalhadas infinitas.
Guardo aqui lembranças de uma amizade construída e fundada na sinceridade e no companheirismo.
Talvez a profundidade dela me irrite um pouco, por que é que ela conseguia tocar no mais profundo do meu ser? Aquelas frases tão calculadas, tão frias e surpreendentes. Aquelas citações de autores que ela conhecia como ninguém que, soltadas ao ar, soava um pesar que depois tornava leve e reflexivo. Era ela, sempre a que nos fazia parar e pensar, refletir sobre nossos atos, repensar pensamentos, refletir nossas escolhas. E sim, a razão que ela nos fazia alcançar nos fazia escolher diferente. Bom, pelo menos me fazia e me tem feito.


"A felicidade aparece para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam em nossa vida." (Clarice, Clarice Lispector)


- Pára de ler Clarice.
- É, vamos dar uma volta, paquerar...
- Pra quê? Eu não preciso disso não, vocês precisam?

Um comentário:

Clarice disse...

não vou embora(por enquanto.
que é pra você parar de querer me dizer adeus sempre.